segunda-feira, 4 de abril de 2011

Metodologia Científica - Lidio Sânzio - FAL - 2011.1

A CIÊNCIA

1. Conceito

Entende-se por ciência, uma sistematização de conhecimentos, um conjunto de preposições logicamente correlacionadas sobre o comportamento de certos fenômenos que se deseja estudar. São duas acepções:

1.1. a lato sensu, que representa apenas o significado de conhecimento;

1.2. e a stricto sensu, referindo-se não a um conhecimento qualquer, mas àquele que é obtido por meio da apreensão e do registro dos fatos, com a demonstração de suas constitutivas ou determinantes.

A ciência, através da evolução de seus conceitos, está dividida por áreas do conhecimento. Assim, hoje temos conhecimento das Ciências Humanas, Sociais, Biológicas, Exatas, entre outras. Mesmo estas divisões têm outras subdivisões cuja definição varia segundo conceitos de muitos autores. As Ciências Sociais, por exemplo, pode ser dividida em Direito, História, Sociologia, etc.

1.3. Como ciência compreende-se, também:

1.3.1. atividades que propõem a demonstrar a verdade dos fatos experimentais e suas aplicações práticas;

1.3.2. conhecimento certo do real pelas suas causas;

1.3.3. conhecimento sistemático dos fenômenos da natureza e das leis que o regem obtido pela investigação, pelo raciocínio e pela experimentação intensiva.

1.4. Beaud (1996) considera que a arte do pensamento sistêmico (GONÇALVES, 2005) inclui:

1.4.1. aprender a reconhecer as ramificações e os corolários da ação que escolhemos;

1.4.2. conjunto de enunciados lógicos e dedutivamente justificados por outros enunciados;

1.4.3. conjunto de conhecimentos consistindo em percepção, experiências, fatos certos e seguros;

1.4.4. conjunto orgânico de conclusões certas e gerais, metodicamente demonstradas e relacionadas com o objetivo determinado;

1.4.5. estudos de problemas solúveis, mediante método científico;

1.4.6. forma sistematicamente organizada de pensamento objetivo;

1.4.7. acúmulo de conhecimentos sistemáticos.

1.5. Conhecer é incorporar um conceito novo, ou original, sobre um fato ou fenômeno qualquer. Portanto, podemos dizer que o conhecimento não nasce do vazio e sim das experiências que acumulamos em nossa vida cotidiana, através de experiências, dos relacionamentos interpessoais, das leituras de livros e artigos diversos.

2. Tipos de conhecimento

2.1. Conhecimento empírico (ou conhecimento vulgar, ou senso-comum): é o conhecimento obtido ao acaso, após inúmeras tentativas, ou seja, o conhecimento adquirido através de ações não planejadas. Ex: A chave está emperrando a fechadura e, de tanto experimentarmos abrir a porta, acabamos por descobrir (conhecer) um jeitinho de girar a chave sem emperrar.

2.2. Conhecimento filosófico: é fruto do raciocínio e da reflexão humana. É o conhecimento especulativo sobre fenômenos gerando conceitos subjetivos. Busca dar sentido aos fenômenos gerais do universo ultrapassando os limites formais da ciência. Ex: “O homem é a ponte entre o animal e o além-homem” (Friedrich Nietzsche).

2.3. Conhecimento teológico: conhecimento revelado pela fé divina ou crença religiosa. Não pode, por sua origem, ser confirmado ou negado. Depende da formação moral e das crenças de cada indivíduo. Ex: Acreditar que alguém foi curado por um milagre; ou acreditar em Duendes; acreditar em espíritos, etc.

2.4. Conhecimento científico: é o conhecimento racional, sistemático, exato e verificável da realidade. Sua origem está nos procedimentos de verificação baseados na metodologia científica. Podemos dizer, então, que o conhecimento científico é racional e objetivo; atém-se aos fatos; transcende aos fatos; analítico; requer exatidão e clareza; comunicável; verificável; depende de investigação metódica; busca e aplica leis; explicativo; pode fazer predições; aberto e útil (GALLIANO, 1979). Ex: Descobrir uma vacina que evite uma doença.

3. Métodos

3.1. Dialética: a Dialética, processo e arte de se buscar uma verdade pelo diálogo e pela discussão, ou, tipo de lógica que interpreta os processos (históricos, p. ex.) como oposição de forças (antítese) que tendem a se resolver numa solução (síntese) é a força que nos impulsiona e nos mantém pensando, considerando sempre o objeto e as coisas à sua volta. A obrigação que temos em assumir a tarefa de pensar é dada pela realidade vital, porque esta realidade não pode ser negada, pois é experimentada e vivida. Conforme Turato (2003, p. 43 apud LEHFELD, 2007, p. 20) “a atitude científica é fi lha do bom senso, do espírito crítico que uma pessoa desenvolve geralmente desde uma idade [...]”. O primeiro aspecto que a análise de algo nos oferece é a apresentação de uma multidão de opiniões que o cerca. Mas, sobre estas opiniões empregamos a elegância em saber escolher o que melhor se adapta ao nosso juízo. Conota o sentido latino “eligentia”, condicionado ao prefixo “int” obtemos inteligência, signifi ca hábito de escolher. O termo elegância é um dos principais elementos da ética orteguiana (ORTEGA Y GASSET, 1883-1955). Por elegante entende-se o ser humano que nem faz, nem diz qualquer coisa, mas, faz o que é preciso fazer e diz o que é preciso dizer. Esses conceitos são aplicados quando a ciência é vista como um conjunto de atitudes e atividades racionais dirigidas ao sistemático conhecimento com objetivo limitado, capaz de ser submetido à verificação. Portanto, podemos compreender que o trabalho acadêmico é a exposição de um conhecimento. Expor organizadamente o conhecimento facilita a sua compreensão. “Escrever sobre as “Dificuldades do Trabalho Acadêmico”, “verbi gratia” (v.g., do latim=por exemplo), pode resultar num texto mais claro se os seus conteúdos forem explicitados de forma a expressar a organização do raciocínio que residiu às refl exões em que se funda” (RODRIGUES, 2007, p. 97).

3.2. Conceito de método: O método é o ornamento lógico e racional de atitudes e procedimentos empregados na demonstração da verdade. É um caminho, uma forma, uma lógica de pensamento. Temos o método dedutivo, o indutivo, o hipotético-dedutivo, o fenomenológico e o dialético. Através de métodos podemos atingir os resultados desejados. Conforme Neto (2006, p. 17)etimologicamente, “método (do grego “meta”=através de e “odós”=caminho) significa o caminho através do qual é possível encontrar a solução do problema proposto pela pesquisa”. Demo (1987, p.19) diz que “metodologia é uma preocupação instrumental [...] e a finalidade da ciência é tratar a realidade teórica e prática”. O autor ainda diz que a atividade básica da ciência é a pesquisa. Já a técnica é “um conjunto de preceitos ou processos de que se serve a ciência ou arte; é a habilidade para usar esses preceitos ou normas na prática. Toda ciência utiliza inúmeras técnicas na obtenção de seus propósitos” (MARCONI e LAKATOS, 2005, p.62). Distinguem-se primordialmente dois tipos de operações mentais na busca da verdade que são dois métodos considerados fundamentais de raciocínio:

3.2.1. a indução que vai do particular para o geral;

3.2.2. e a dedução que parte do geral para o particular. Mostrar como a conclusão deriva de verdades universais já conhecidas é proceder por via dedutiva sou silogística (“resolutio formalis”). Mostrar como uma conclusão é tirada da experiência sensível, ou, em outras palavras, resolver uma conclusão nos fatos dos quais nosso espírito a atrai como de uma matéria (“resolutio materialis”) é proceder por vias indutivas (GARCIA, 2000).

A IMPORTÂNCIA DO ATO DE LER

1. O valor da leitura

A leitura como atribuição de sentidos ao texto é importante para toda a nossa vida. O aprofundamento da vida acadêmico-científica passa a exigir do estudante uma postura de autoatividade didática e muita disciplina que será, sem dúvida, crítica e rigorosa (SEVERINO, 2007). O ensino superior não pode ir além de sua função de fornecer instrumentos para uma atividade criadora e, para dar início a um novo estilo de trabalho, o estudante precisa começar a ler e a ser feliz por estar lendo. Os seres humanos, a sociedade e a empresa são organismos vivos que aprendem e ensinam e, o que possibilita seu desenvolvimento harmonioso é o bem-estar do indivíduo. Vale ressaltar que aprendemos somente quando estamos motivados e a motivação é bioquímica (bio-psico-social) (GROSSI e BORDINI, 1999). A Antropologia diz que a língua materna serve não só para dizer quem somos, mas ajuda a pensar que somos, ou seja, pensamos o próprio pensamento da nossa língua. Quando aprendemos a ler ou a escrever, passamos por diversas intervenções por meio da escrita, que é suporte, quando se fala de procedimentos. Quando aprendemos a falar, provavelmente passamos por outros procedimentos. Para uma pessoa aprender a ler e a escrever, são utilizadas técnicas e procedimentos vinculados à história da escrita. Conforme Gil (2007, p. 57) “o conceito de aprendizagem é um dos mais importantes no domínio da psicologia. Refere-se às modificações nas capacidades ou disposições do ser humano que não podem ser atribuídas simplesmente à maturação”. Podemos observar na história e na filosofi a que o pensamento grego valorizava sobremaneira o intelecto, nossa capacidade de alcançar o conhecimento racional da verdade teórica e moral. Platão e Aristóteles julgavam que a mais elevada realização da vida humana só era alcançável por quem conseguisse obter esse conhecimento. “A vida é, não uma substância, mas um fenômeno de auto-eco-organização extraordinariamente complexo que produz autonomia” (MORIN, 2003, p. 21). Trabalho autônomo quer dizer que ele é fruto de um esforço do próprio pesquisador. Não significa desconhecimento ou desprezo da contribuição alheia, mas, ao contrário, capacidade e competência para manter um inter-relacionamento enriquecedor, portanto, “dialético com outros pesquisadores, com os resultados de outras pesquisas, e até mesmo com os fatos” (SEVERINO, 2007, p. 146). É provável que o aspecto mais crucial da compreensão epistemológica de uma produção científica seja, então, o conhecimento produzido e percebido como fonte de pesquisa. Podemos compreender que o valor da leitura deriva, em parte, do valor que tem a própria posse do conhecimento. De diversas maneiras, a posse de várias espécies de conhecimento é preciosa, e é ruim estar enganado acerca de assuntos importantes. Conseqüentemente, tentamos adquirir conhecimentos verdadeiros através da leitura e evitar crer em relatos falsos, pelo menos no que diz respeito a assuntos significativos, como a saúde e a felicidade. É assim que cada qual se vê diante da tarefa de ler um livro, um artigo em uma revista, (website) ou um jornal (COELHO, 2001). Dada a importância da leitura e a conscientização do aluno de que doravante o resultado do processo dependerá fundamentalmente dele mesmo, seja pelo seu próprio desenvolvimento psíquico e intelectual, seja pela própria natureza do processo educacional, precisamos de algumas diretrizes que nos permitem distinguir os tipos da leitura eficaz.

1.1. Tipos de leitura

1.1.1. análise textual: leitura do conhecimento; define unidade do texto; reconhece vocabulário, crenças e fatos dos autores.

1.1.2. análise temática: determina o problema; percebe seqüências das idéias do autor; domina as paralelas do tema central.

1.1.3. análise interpretativa: interpreta as idéias do autor; lê nas entrelinhas; critica o texto lido e constrói um juízo crítico.

2. O desafio está lançado

2.1. Esforço inicial: “A leitura pode ser oral ou silenciosa; técnica e de informação; de estudo; de higiene mental e de prazer” (SALOMON apud ANDRADE, 2007, p.7). Mas, o ato de ler ainda se constitui um problema no início da vida acadêmica e o mundo que nos rodeia é somente prova de nossas capacidades. Se quisermos mais alegria no mundo, devemos criar esta alegria no coração. Descobrimos, portanto, que, o que se quer fazer é fundamental para realizar os sonhos. As dificuldades fazem parte do crescimento e, é preciso ter vontade de superá-las à medida que elas aparecem. A neurolingüística (PNL) nos ensina que todo problema tem solução; apenas temos que ampliar a nossa capacidade de recursos e buscar estratégias para resolvê-lo. É com atitude pró-ativa que enfrentamos com coragem os desafios da leitura para realizarmos a tarefa da escrita. Agir com produtividade deve ser a meta de todo acadêmico para que possa criar um ambiente propício à auto-realização na manifestação de suas potencialidades e talentos tanto na leitura quanto na escrita.

2.2. Motivação: A leitura tem uma relação estreita com a motivação. Na medida em que nossas emoções atrapalham ou aumentam nossa capacidade de pensar e fazer planos, de seguir treinando para alcançar uma meta distante, ou, solucionar problemas estão definidos limites ao nosso poder de usar nossas capacidades mentais inatas e, assim, determinamos como nos saímos na vida. Na medida em que somos motivados por sentimentos de entusiasmo e prazer no que fazemos, esses sentimentos nos levam ao êxito (GOLEMAN, 2001). É preciso aprender a ler como é preciso aprender a pensar, sentir, agir, se relacionar e viver em grupo. Conforme Proetti (2006, p. 59) para o estudante “é muito importante elaborar um roteiro de trabalho antes de iniciar a leitura” como o é um planejamento de vida acadêmico-científica e o que se quer dela. E, “uma vez habilitado para compreensão de textos, o pesquisador estará em condições de realizar as atividades básicas que o introduzirão na produção de trabalhos acadêmicos” (BRESSER e JESUS, 2007, p. 12).

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