terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Relatório de Atividades Exercidas no Dom Bosco - Relatório I


Professor: Francisco Josenildo de Lima Barreto
Relatório Individual de Atividades Exercidas

Introdução:

A falta de cuidados com a Saúde Sexual e Saúde Reprodutiva e a não prevenção ao Uso Indevido de Drogas, vem tornando-se um grande problema de Saúde Pública em praticamente todas as partes mundo. No Brasil, especialmente no Rio Grande do Norte não é diferente. Suas conseqüências e prejuízos não se restringem apenas as infecções das DST/AIDS e a Gravidez na Adolescência, mas também a Prostituição e ao Uso Indevido de Drogas, o que vem atingindo famílias, vizinhos, locais de trabalho e comunidades.
Sabemos que atualmente a tarefa de prevenir não terá sucesso se não for compartilhada, sendo necessário o envolvimento de todos os segmentos da sociedade nas diversas formas de atuação, para que bons resultados sejam alcançados.
Os/as jovens constituem a população mais susceptível ao consumo de drogas e a sexualidade sem prevenção. Assim, entendo que uma das formas mais efetivas de prevenir o Uso Indevido e Abusivo de Drogas, a contaminação do HIV, e as DST’S, Gravidez Não Planejada, etc. É o fortalecimento da interação positiva entre jovens, adultos, escolas e comunidades. E que a construção deste conceito, com certeza, trará excelentes resultados na tarefa de prevenir as conseqüências sobre Saúde Sexual e Saúde Reprodutiva e do Uso de Drogas, que tantas mazelas produzem na sociedade.
Neste contexto, constitui uma proposta de Ações Educativas e Preventivas, visando o fortalecimento da Auto-Estima e Multi-Cuidado, sobretudo o exercício dos vínculos afetivos e atitudes positivas de uma Vida Saudável, garantindo os direitos da Cidadania, subjetivando o processo de participação do/a adolescente ou jovem no meio social com aulas dinamizadas e interativas, numa metodologia diferente voltada para a prevenção.
Onde podemos definir prevenção como sendo toda ação planejada que vise diminuir ou eliminar fatores de risco para a saúde das pessoas e/ou que objetive aumentar os fatores de proteção na vida das pessoas.
Este é um conceito que já vem sendo utilizado e se baseia em duas idéias: eliminar fatores de risco e aumentar os fatores de proteção.
Vamos inverter esta seqüência e pensar primeiro em fatores de proteção e depois em fatores de risco. Vamos pensar primeiro nas potencialidades e depois nos riscos, pois até hoje muitas das ações de prevenção se baseiam unicamente nos riscos, no perigo, acionando o medo como fator pedagógico. Antes uma outra pergunta: prevenção em relação a quê? A resposta: a toda e qualquer situação que coloque a vida dos/as adolescentes e jovens em risco. Estou falando das violências em suas diferentes e múltiplas formas de acontecer em nossas vidas. Desde a violência emocional, social chegando até as violências físicas.
Por isso pensei em trabalhar dois temas transversais onde envolvessem essas problemáticas: Auto-Estima e Participação e Controle Social.

Desenvolvimento:

Diante deste quadro, podemos voltar a pensar nos fatores de proteção como situações que fortalecem e dão poder a adolescentes e jovens para viverem e conviverem com situações de risco.
Um fator de proteção importante a ser ressaltado é o processo pelo qual passamos todos nós em qualquer época de nossas vidas, mas que no período da adolescência e juventude é de grande valor. Estamos falando do projeto de vida que poderia ser compreendido como um processo contínuo na vida humana onde as pessoas desejam, a partir de sua realidade, seus valores, necessidades, organizando etapas para alcançar estes projetos, estas conquistas.
Também na vida dos/as adolescentes e jovens estes projetos de vida devem ser vistos não apenas para objetivos apenas no futuro, mas possibilidade em alcançar algumas metas agora e para isto tendo que se preparar e organizar-se, tendo muitas vezes de abrir mão de algumas coisas atuais para poder alcançar o que espera.
Um dos fatores que dificultam a realização destes projetos de vida são as condições reais de vida que para muitos/as adolescentes hoje são de extrema necessidade, dificultando alcançar seus projetos.
Vamos pensar, de forma geral, em que situações os fatores de proteção poderiam fortalecer os/as adolescentes e jovens? E aqui podemos localizar situações micro e macros, isto é, restritas à realidade da pessoa e outras mais amplas, porém que interferem na vida de todos e todas.
Por situações macro, podemos pensar como exemplos:
A situação econômica do mundo, de nosso país, de nosso município e de nossa família;
A existência de políticas públicas para adolescentes e jovens;
Governos que de fato façam da adolescência e da juventude suas prioridades de ação e investimento;
Escolas acessíveis e de boa qualidade;
Serviços de saúde acessíveis e de boa qualidade;
Opções de lazer (...).
Como situações micro, podemos pensar como exemplos:
Viver em um ambiente familiar no qual se receba apoio, respeito e proteção;
Ter amigos/as;
Participar em diferentes grupos desenvolvendo diferentes habilidades (grêmio, dança, teatro, música, leitura, esporte, ONGs, projetos sociais etc.)
Cuidar de sua saúde;
Apaixonar-se por alguém ou por algo (uma idéia, um projeto);
Pensar em sua vida de forma positiva, planejando o que vai fazer o que deseja fazer nos próximos anos ou quem sabe na vida adulta;
Procurar viver a alegria através de diferentes formas que não envolvam nenhum tipo de risco;
Gostar de ser quem é, (é claro que isto vai depender muito de fatores mais amplos, como os citados acima);
Desenvolver o prazer de aprender sobre o mundo e as coisas que o constituem;
Conhecer seus direitos como cidadã ou cidadão e reivindicá-los;
Assumir seus compromissos e responsabilidades consigo mesmo e com o outro;
Viver e desenvolver situações de solidariedade;
Participar socialmente da comunidade onde vive, por meio de diferentes formas de engajamento social;
Desenvolver algumas ações de voluntariado em sua vida;
Conhecer seus valores para poder tomar decisões autônomas de forma responsável;
Viver e desenvolver todo o nosso potencial de vida;
Desenvolver habilidades que já possuímos e outras ainda nem pensadas;
Aprimorar sempre o seu potencial de comunicação com o mundo;
Desenvolver projetos de vida (...).
Esta lista não termina, pois cada vez mais adolescentes, jovens, adultos, instituições e governo vêm encontrando e concretizando novas formas de desenvolver situações que protejam os/as adolescentes diante das situações de risco.
Proteger significa preparar-se para a vida e não apenas conseguir evitar, escapar ou fugir de situações de risco. O risco faz parte da vida. Não há vida sem risco. O grande achado é convivermos com os riscos nos protegendo deles.
Nestes 05 dias, que estive nesta Instituição, tentei junto aos/as alunos/as repassar um pouco disso tudo, afinal a nossa realidade é bem outra. Mas contei com a colaboração de todos/as.
Essas 15 horas que aqui passei não foram apenas revertidas em aulas sobre auto-estima e participação juvenil e controle social, foram bem mais além. Tive a honra de compartilhar a sala com pessoas maravilhosas, que pensam e projetam um futuro melhor. Tive o privilégio de ter ao meu lado excelentes profissionais que lidam com o Social de forma mais séria e diversificada.
No desenvolver das atividades, revi conceitos de auto-estima, auto-cuidado, auto-conhecimento, conceitos estes que me fizeram refletir ainda mais. Trabalhar o Controle Social em uma forma de participação efetiva dentro da própria instituição. Rever conceitos de Solidariedade e Humanização, aprender a valorizar cada minuto.
Orgulho-me de ter feito parte desta equipe, mesmo que por alguns instantes. De ter executado o desafio agradável que me foi proposto, espero poder partilhar aos/as colegas esta experiência que tanto me estigou a fazer novas experiências. Conheci pessoas humildes, outras muito irritantes, outras ingênuas, outras bem interessantes, outras inteligentes, outras bem maçantes... Mas todas com o mesmo propósito, serem humanizadas, capacitadas para o seu amanhã. Vi junto a muitos a solidariedade, esta espelhada pela característica humanística de acolhimento da Casa Dom Bosco.
Na medida em que somos capazes de reconhecer no/a outro/a, a sua condição humana, somos capazes de compartilhar a existência e compreender que o seu problema é relevante para mim, porque nós fazemos parte da mesma humanidade. Assim, cuidar, preservar, mimar, dedicar afeto e amor para alguém é cuidar do conjunto da humanidade.
Em tempos difíceis onde reina o preconceito, diversas exclusões, desigualdades, violências, intolerâncias, é preciso reinventar as bases sobre as quais organizamos a vida coletiva. É preciso reinventar a lógica e fazer, do trato diário, um trato sempre especial com quem quer que seja.
Ao pensar em solidariedade é bom reforçar a idéia de que na dimensão humana somos todos/as iguais e que este discurso tão batido pelas religiões e pela lei não é uma prática fácil.
Reconhecer a nossa igualdade humana exige um grau de humildade para ver no/a outro/a uma grandeza capaz de igualar-nos perante a simples existência. Assim, a mais aviltada das pessoas, é igual a mim na sua condição humana, assim como sou igual a qualquer pessoa que eventualmente esteja ou que se coloca numa posição social ou pessoal diferente da minha. O auto-conhecimento não se limita a aspectos do corpo, se estende para o sentimento e para a consciência da forma como reagimos diante das mais diferentes situações e desafios. Nossos valores, nossas idéias, nossas proposições fazem parte de nós e portanto essas questões também fazem parte desse processo de auto-conhecimento. Podemos tentar prever se vamos ou não resistir a um determinado tipo de desafio que a vida nos apresenta conforme o grau de consciência que temos sobre nossas emoções. Assim, o auto-conhecimento é como a vida: um processo interminável, pois intermináveis são as experiências que compõem a nossa história.
Certo é que quanto mais sabemos sobre nós, melhor podemos nos cuidar. Cuidado aqui combina com amor, combina com afeto. O amor que dedico a mim mesmo/a é expresso na relação que tenho com uma outra pessoa. Ou seja, quem se importa comigo, fica feliz se eu me cuido. Portanto, o auto-cuidado é um gesto que tende a alcançar o/a outro/a.

Conclusão:

Durante o período em que estive neste núcleo de ensino foram desenvolvidas atividades sociais com oito turmas de 15 pessoas em média cada, adolescentes e jovens entre 12 e 17 anos encaminhados de escola pública de nível fundamental II e Ensino Médio, os mesmos estiveram presentes e ativos nas três atividades diferenciadas que fiz ao longo da semana, as temáticas já mencionadas a cima, onde as oficinas estiveram ao alcance de todos/as estimulando assim a participação de todos/as do Oratório, como mostra-se nos planos de aula e seus anexos. É relevante citar que os trabalhos não foram realizados individualmente, foi feito de uma forma sistemática e integrada, com a participação efetiva dos/as alunos/as, professora responsável pela sala e coordenação pedagógica. Também é interessante observar que trabalhar em grupo é sempre melhor do que o trabalho solitário. A maioria das atividades propostas requer o trabalho e a cooperação de várias pessoas.
Ainda na perspectiva de continuar a desenvolver o meu trabalho nesta instituição, ressalvo a minha importância dos temas a serem trabalhados no cotidiano dos/as adolescentes e jovens. Levarei a troca de experiência e as conversas como forma de lembranças para crescer assim a minha auto-estima e generalizar a minha participação.
Chegando a finalização deste trabalho, quero desejar a todos/as que contribuíram para o sucesso do meu trabalho, (não irei citar nomes para não esquecer ninguém), um muito obrigado (a) e um desejo de reencontro breve. Concluo este dissertativa no intuito e desejo de “quero mais”, para que haja de forma simples e desmitificada a inclusão no cotidiano desses adolescentes e jovens a participação efetiva, nos pontos citados no desenvolvimento para crescimento de sua auto-estima, auto-valorização, auto-conhecimento, auto-respeito e auto-cuidado buscando assim a sua participação de forma coerente e ética nas Políticas Públicas de nossa cidade e de nosso estado. A valorização á vida e ao contexto social, embasados em suas diversas teorias, mas qualificados em suas práticas verdadeiras e simplórias, de uma forma que só nós sabemos fazer.

Por: Francisco Josenildo de Lima Barreto
Estudante do Curso de Pedagogia na FAL (Faculdade de Natal), Unidade Zona Norte; Jovem Especialista em Educação entre Pares, voltado á Prevenção á Sexualidade Humana e Uso Indevido e Abusivo de Drogas.

Um comentário:

Anônimo disse...

Gostei do relato tbm.. mas vc escreve muito.. kkkk!!!!

E haja dedo...

Andersom