terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Relatório de Atividades Exercidas no Dom Bosco - Relatório II





Professor: Francisco Josenildo de Lima Barreto
Relatório Individual de Atividades Exercidas no mês de Dezembro/2009.


Introdução:

Temos, atualmente, falado muito na ação direta dos Direitos Humanos. O objetivo principal deste trabalho é melhorar a condição humana e quebrar paradigmas, reverter o processo de violência vivenciado pela nova geração. É por isso que cada estado brasileiro, de acordo com a sua realidade, em formando Conselhos de Defesa, organizados nas comunidades, com o dever de lutar por leis mais humanistas e, além disso, fiscalizar as existentes em parceria com seus respectivos governos.
Nunca foi criado, em tão pouco tempo, tantos programas sociais advindos das três esferas do poder, principalmente, destinados aos jovens. Em alguns destes programas existe o fornecimento de bolsas como um incentivo à sua manutenção em sala de aula e, consequentemente, no programa social. Por que, com tantos programas sociais e organização das comunidades, o índice de violência não vem diminuindo? Por que o aumento da violência tem sido cada vez maior entre jovens com menos de dezoito anos? Para responder as essas perguntas é necessário compreender primeiramente como anda o nosso sistema educacional. Não é novidade que a redução de criminalidade insere-se no processo educacional, não somente na escola, mas em todo o conjunto de fatores educacionais: do convívio familiar ás suas inter-relações. Os sistemas educacionais de hoje precisam passar por uma reformulação de conceitos e implantar uma didática mais motivadora que discuta de forma mais aprofundada a complexidade humana.
Nosso sistema educacional há algum tempo vem passando por momentos difíceis, a educação cheia de norma e com as suas imposições padronizadas, vem sendo rediscutida. Se compararmos a educação de hoje com a ontem, podemos ver que houve poucos avanços, principalmente nas formas de punir. Nos moldes mais antigos a punição ou o castigo se dava com objetos que causavam dor física. Depois utilizaram outras formas de punição: a suspensão, expulsão, entre outros. Isto acontecia e acontece até hoje, porque o jovem, ao chegar à escola, já possui uma bagagem anterior e precisa se adequar ás normas impostas. Bastava alguém agir diferente do comportamento padrão para ser estabelecida uma punição, que não podia ser questionada e não interessava para a escola se o aluno tinha algum problema em casa ou em qualquer lugar, também não interessava saber se o mesmo tinha dificuldades de aprendizado.
Destaco agora, nesta minha finalização que, os modelos didáticos estabelecidos são poucos atrativos, pois não inserem o aluno no contexto real e não forma uma consciência critica da realidade, desta forma o processo educacional vem se tornando cada vez mais distante da realidade humana, porque nele o homem e a mulher não se identificam como atores dentro de sua complexidade. É como se o estudo fosse uma coisa e a sua realidade outra, ou seja, este tipo de educação, onde não existe uma integração ou uma socialização com a vida, vira uma tortura, uma obrigação.
Então, respondendo as perguntas anteriores: para o jovem não entrar no mundo da criminalidade é necessário mudar alguns processos sociais, entre eles o educacional, não podemos negar que a miséria em alguns casos contribui, mas se fosse o fator principal seria facilmente resolvido nos programas sociais que oferecem bolsas de ajuda de custo. Assim mesmo ainda existe a evasão.
Desta forma, posso concluir que o jovem não quer esmolas, quer se identificar com aquilo que está sendo proposto, infelizmente o mundo do crime propõe muito mais vantagens á sua permanência do que os processos educacionais existentes.

Desenvolvimento:

“Estou Convencido da urgência da democratização da escola pública, da formação permanente dos seus educadores e educadoras entre quem incluo vigias, merendeiras, zeladores. Formação permanente, cientifica a que não falte, sobretudo o gosto das práticas democráticas, entre as quais a de que resulte a inerência crescente dos educandos e de suas famílias nos destinos da escola.”

Esclarece Paulo Freire, no livro A Pedagogia do Oprimido, que a formação permanente de um profissional, torna-se necessário quando se trabalha na educação. Esta preocupação nada mais é, do que a nossa realidade. Gostaria de iniciar este contexto com duas perguntas básicas: Que tipo de escola existe hoje? Será que a sua forma didática atrai alunos? No livro “Faces da Violência” de Patrícia Carla Melo de Medeiros, (ao tomei como embasamento para relatar o tema em sala de aula com mais precisão e segurança). As perguntas foram feitas em uma de suas palestras e segundo seu relato, recebeu respostas evasivas, e de modo geral, a grande maioria não estava satisfeita com o que via, mas não conseguia enxergar meios plausíveis de melhorar o processo, alguns questionaram a humanização da escola com matérias que pudessem trabalhar nos jovens o caráter humano. Muitos se achavam bastante sobrecarregados em relação à própria disciplina ministrada, não podendo, nem ás vezes, concluir conteúdos considerados importantes ao final do ano letivo, devido a motivos diversos.
Analisando o que foi exposto pelos colegas, dá para concordar com muita coisa, contudo a situação que parece ser tão simples, inclusive com as respostas que já foram dadas, toma outra dimensão, que me faz perguntar: qual é o papel do educador de hoje? Se sua resposta for: ministrar o conteúdo de uma disciplina, podemos dizer que estamos muito longe do processo educativo ideal.
A educação de hoje está tão capitalista quanto a sociedade, os valores humanos não tem mais importância. É claro que o sistema de mudança (educacional e social) de um pais reflete no seu processo socioeconômico como um todo e o nosso, baseia-se no capitalismo, nele as próprias, em seu processo de execução, contrariam em parte o que dizem sobre valores éticos e morais. Aqui no CEDB, não fugimos desta realidade, inicia com os nossos educadores finalizando em nossos alunos.
Estamos embutidos de valores e virtudes agregados ao capitalismo. Não é fácil trabalhar com esses meninos e meninas todos os dias, onde predomina a realidade capitalista, ou moralista. Os falsos moralistas nos rodeiam e nos deixam a calhar, não entendemos e quando menos esperamos estamos imbuídos de atos maléficos, traduzidos em pequenos gestos e oposições a forma de educar. Tive a honra e o prazer de estar mais estes dias aqui no CEDB, mas confesso que não foi fácil. Como já havia me comprometido com a temática, estudei-a um pouco mais, e trouxe para os meus alunos de uma forma mais espontânea e simplória a contextualização da violência para o convívio deles, levando para fazer pesquisas em laboratório através da internet, através de redação, rodas de diálogos, mas também, não pude fugir das temáticas das duas disciplinas mais inerentes e solicitas: a Língua Portuguesa, neste mês trabalhamos com a construção de textos, redação, ortografia, vícios de linguagem, gramáticas em todo um contexto. E, como não poderia faltar Matemática. Com temas específicos, solicitados por eles, como fração exponencial, equações do primeiro e segundo grau, as quatro operações, raiz quadrada, e ainda um pouco de geometria.
Estive mais próximo deles e pude conhecê-los um pouco melhor. Conhecer suas dificuldades, onde são melhores, o que desejam, o que os fazem, sair e ficar em sala de aula. No entanto, ainda foi pouco tempo, para poder aprofundar este conhecimento. Mas meus conceitos para com os meninos e meninas foram o dos melhores, pois eles mal freqüentavam as aulas, isso não aumentou, ou nem diminuiu, mas sempre estavam lá. A forma inovadora, disciplinada de se fazer as atividades eram instigantes, e não os deixava sumir, gazear as minhas aulas. Entretanto, devido aos ensaios, reuniões, jogos, tive ainda uma porcentagem de evasão de sala consideravelmente grande. Requer então, planejamento e apoio pedagógico para que tudo der certo, e tenhamos um controle maior das atividades que venham a ser desenvolvidas no Oratório. Bom, em minha conclusão estarei relatando mais um pouco sobre a violência, para fechar com “chave de ouro” este último relatório de 2009.

Conclusão:

“É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à alimentação, à educação, ao lazer; à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária, além de colocá-la a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”. (Constituição Federal, Art. 222, § 4º).

A Constituição ressalva as orientações que devem ter com as crianças e adolescentes. Este mesmo parágrafo contribui para a formação dos nossos meninos. Que necessitam muito, dessas orientações. Parte dela foi orientada pela Campanha de Combate á Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes – Calar-se é Permitir, Denunciar é Proteger! – promovida por algumas instituições públicas este ano, onde na pesquisa que fizemos foram relatados.
Quando voltamos a falar sobre a Educação Capitalista, nos remetemos as formas didáticas de execução das atividades. Enquanto isso o modelo da educação que vem sendo utilizado vai se voltar contra uma grande maioria que não vai conseguir se adequar às normas e padrões sutis, escondidos por trás do processo de construção do aprendizado. A começar pelas normas de comportamento adequado exigido pela sociedade. Para as pessoas não enquadradas neste padrão, a escola torna-se um grande sofrimento, porque as exclui do processo de construção social e se torna o grande vilão da exclusão social. É tão séria essa situação que podemos ver claramente, até mesmo nos próprios professores, de forma consciente ou inconsciente, quando demonstram preferência por um aluno mais inteligentes da classe ou o mais bonito. O que dizer daquele quieto, sentado no fundo, já taxado de menos inteligente ou daquele o qual os alunos denominam de “bujão” por ser gordinho ou aquele de corzinha escura, e se tiver trejeitos homossexuais então pior ainda para ele.
Valores como solidariedade, humildade, companheirismo, tolerância e respeito, as diferenças que cada um possui são totalmente descartados. Não adianta formamos pessoas para ter uma boa profissão e um bom poder aquisitivo se o seu caráter o compromete. Não podemos dizer que o professor é o único que precisa refletir este quadro, mas sim todo o corpo escolar, incluindo os pais dos alunos, que também precisam sentir o acolhimento dentro da escola.
Posso comentar, sem medo, que os próprios educadores, em sua maioria, não devem esquecer que existe um compromisso social com a vida e as mudanças que poderão ocorrer na sociedade, diante do compromisso de cada um de nós de mudarmos a realidade. Para isso é preciso reavaliar nossos valores e tentar abrir discussões de convivência com o que chamamos de diferentes do padrão. Se isto não acontecer dentro em pouco a escola será um ambiente extremamente pobre e quase sem nada a acrescentar na vida das pessoas “diferentes” e, de forma, a resposta dada por estes excluídos será a revolta, conseqüentemente a transformação deste sentimento em atos de violência, como é o caso de vários suicídios de homossexuais que não conseguiram lutar contra o preconceito social.
Nos dias de hoje a escola ainda é a instituição responsável pela integração e socialização dos seus membros, todavia ainda não temos, dentro de um contexto social, uma escola critica e preparada para trabalhar com a diversidade humana. A escola vista é aquela que enfatiza mais ainda os erros e preconceitos existentes na sociedade, seja na distinção de raças, orientação sexual, religião e outros.
Quando a criança ou o adolescente se vê diferente do que é pregado como valor moral cai numa crise existencial, deixando marcas profundas. Não foi criada nenhuma pratica didática escolar para o convívio com as diferenças. O resultado disso é a marginalidade social, quando o individuo, ainda criança, não consegue entender muito bem o processo de discriminação, contudo, ao chegar à adolescência, as conseqüências de ser diferente tornam-se mais visíveis e o jovem tenta negar o seu eu para poder se adequar ao padrão imposto. Como não consegue, surge o processo de revolta pessoal e agressividade. Podemos citar como exemplo os “Gays”, homossexuais.
A escola é uma agencia socializadora que afirma ser democrática. Se o processo de socialização e integração do individuo não é possível, a sociedade preserva a escola e pune o individuo inapto. Então vem a pergunta: Como é que um pais que prega veementemente o direito da pessoa humana, como é o Brasil, não possui uma política diferente de educação humanizada nas escolas?
Os governos aprovam algumas leis que discriminam o preconceito. Lei nenhuma vai adiantar se a sociedade não for educada para isso.
O processo de socialização deve ser questionado e aplicado dentro do plano didático do CEDB, logicamente ainda perguntamos, e os pais desses jovens nisso tudo? A resposta está na escola que precisa realizar este mesmo processo com os pais, pois eles possuem também a dificuldade de socialização com o diferente. Além disso, a escola tornou-se, para muitos destes pais, uma maneira de se livrar dos filhos por um período pelo menos. Principalmente se este filho der bastante trabalho para eles. Não fugimos desta problemática, estamos relativamente direcionados aos processos de socialização de todos eles. Mas para que esse trabalho seja dado continuidade, neste momento, não mais do que antes, precisará da colaboração ativa dos pais e/ou responsáveis pelos oratorianos. Demagogiar que tudo vai dar certo estarei sendo impreciso, mas se houver esforço e colaboração de todos, no mínimo dará certo todo o planejamento e execução da maioria das atividades, falta ás vezes, até por parte dos educadores socializar-se, comunicar-se e fazer do novo a inspiração para um aprendizado, e não recuar e deixar sobressair a imprudência e incompreensão de novos horizontes.
Concluo na expectativa de dar continuidade ao trabalho, tão bem elogiado e sucinto. Espero poder contar com a ajuda de todos os que fazem parte dessa família para poder continuar e mostrar que somos todos capazes de conviver com o novo e inovar com o velho. Que Deus nos abençoe nos dê um excelente Natal e um 2010 cheio de muita luz, alegrias, boas realizações e infinitas felicidades.


Por:
FRANCICO JOSENILDO DE LIMA BARRETO, Estudante do Curso Superior de Pedagogia pela Faculdade de Natal (FAL) Unidade Zona Norte; Jovem Especialista em Educação entre Pares (Jovem Educando Jovem), voltado para a Prevenção á Sexualidade Humana e ao Uso Indevido e Abusivo de Drogas.



Referências Bibliográficas:

- MEDEIROS, Patrícia Carla Melo de. Faces da Violência. Biblioteca Pública Câmara Cascudo. 2008. Natal/RN;
- ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº. 8.069 de 13/07/1990);
- FREIRE, Paulo. A Pedagogia do Oprimido.
- www.mundojovem.org.br
- www.mec.gov.br
- www.josenildobarreto.blogspot.com
- www.adolescencia.gov.br

Um comentário:

Anônimo disse...

Porra... q relatório grande.... kkkkkkkk... mas com ótimo conteúdo...

Ohhh.. baixin.. invocado!!!

Abraços.
Andersom